segunda-feira, 27 de julho de 2020

Sensibilidade e empatia - Podcast 40 Semanas

Já tem um tempo que eu tenho pensado muito sobre esse assunto e tenho buscado formas de sempre evoluir nesse aspecto da minha vida: sensibilidade e empatia.

Aí, hoje pela manhã, Flávia Cristina me mandou um áudio me OBRIGANDO a dar um gás no podcast que a gente ouve juntas porque eu parei de ouvir e ela queria comentar.

O podcast chama-se 40 semanas.


É um podcast que acompanha três mulheres grávidas ao longo das 40 semanas da gestação. Tem vários assuntos desde expectativas a violência obstétrica, e alguns temas dolosos de ouvir, como o de hoje que eu ouvi sobre o aborto e lidando com o luto. 

Os dois apresentadores (Renan Sukevicius e Melina Cardoso, MARAVILHOSOS!!!!) tiveram muito as manhas de fazer um programa tão bom. Eles chamam médicos, doulas, psicólogas, pais, família e qualquer participação especial para abordar mais profundamente sobre o assunto do episódio.

Ele é simplesmente maravilhoso e acho que todo mundo deveria ouvir, seja você mulher ou homem, que queira ter filhos ou não. 
Eu sinceramente acho que todos deveriam tirar um tempinho para entender um pouco do mundo da gravidez para você se preparar para a sua gestação/da sua esposa/namorada/mãe/amiga ou mesmo para aprender uma coisa nova, porque conhecimento nunca é demais.

E os episódios são curtos, em média 20min e dá para você ouvir enquanto lava uma vasilha depois do almoço.
Essa semana foi o último episódio, então você pode fazer uma maratona, já que está todo disponível no Spotify e você não vai precisar aguardar a próxima semana.

Como eu disse ali em cima, os dois episódios que eu ouvi hoje me tirou lágrimas e abordou um assunto muito difícil que é o aborto e o luto quando se perde um filho, seja durante a gestação ou logo após o nascimento.

Apesar de ter sido muito difícil de ouvir, eu me interesso muito por esses assuntos pesados porque nada melhor para o mundo do que eu evoluir meu lado sensível e minha empatia.

Os episódios de hoje falam sobre a tristeza e o luto em si, mas também apresenta depoimentos reais de pais que perderam seus filhos e que são obrigados a ouvir coisas absurdas das pessoas ao redor. 

O que um casal falou que me marcou, e que acho que é uma verdade para todo mundo, é que quando a gente perde alguém a gente não quer ouvir certas coisas.

O famoso "Deus sabe o que faz", "ele(a) está em um lugar melhor", "pelo menos não está sofrendo mais" são coisas que não ajudam em NADA, e não só não ajuda como atrapalha e faz com que a gente sinta muita raiva, porque a gente está em luto, se a pessoa descansou (outro clichê horroroso) ou não é irrelevante. A gente quer a pessoa de volta feliz, saudável e bem. O que gerou a morte em si faz parte do pacote da nossa tristeza. É implícito que a gente não queria que a pessoa adoecesse para começa de conversa, por exemplo. 

Eu estou colocando "a gente", porque qualquer tipo de luto é assim, quando a gente perde alguém,  ouvir que "foi melhor assim" ou qualquer variação disso faz a gente ter ÓDIO de quem falou (#nãosejaessapessoa).

Diga apenas um "eu sinto muito. Não consigo imaginar o que você está sentindo e não sei como te ajudar ou falar algo que te alivie, mas estou aqui se precisar" já é MAIS que o suficiente, afinal de contas não há nada que ninguém possa fazer para nos sentirmos melhor.

No podcast o casal também comenta que ouvir "vai passar" machuca, porque não vai passar, gente! Tem dores que não passam, tem dores que não são superáveis, tem dores que vão doer para sempre, as pessoas só aprendem a viver com elas.

Pessoas que perderam seus filhos (seja com um aborto ou após o nascimento) querem que suas dores sejam reconhecidas e validadas. 

Uma coisa que mexeu muito comigo foi a mãe falar que faz ela tem mais de um filho, porque ela tem o filho X que tem X anos, mas tem o filho Y que não nasceu ou que nasceu e faleceu logo após. A morte do filho não faz dele menos filho e quando a gente acaba com a existência daquela criança a gente magoa e machuca ainda mais a mãe.
Mas é lógico que quem dita todas essas situações é a mãe e o pai. Se eles citam o filho falecido é porque eles querem que o filho falecido seja parte do mundo e da lembrança e não caia no esquecimento. 
Uma mãe/pai que perde o filho não deixa de ser mãe/pai. 

Acho que ouvir sobre esses assuntos faz a gente pensar no outro e entender que a dor do outro não está em discussão. Nós não temos que entender, ou concordar ou mesmo opinar, a dor não é nossa. 
Mesma se a gente passe por uma situação muito similar à de fulano, não é a mesma dor, a gente não sabe como ela lida com essa situação. Nossa bagagem, nossas experiências, nossos traumas, nossa história é diferente das outras pessoas. 

Tenhamos sensibilidade em NUNCA diminuir ou questionar o outro. 
Como diz mamãe, nós nascemos com duas orelhas e uma boca porque temos que ouvir mais do que falar.

Vamos ser sensíveis com o outro. Se você não pode ajudar, para que falar isso ou aquilo se não vai ajudar?

Mamãe tem uma amiga que o filho faleceu no ano passado. Ele tinha problemas de saúde, motores e cognitivos, então ele dependia 90% da mãe e do pai (e da tia que ajudava com TUDO) para fazer certas coisas.
Mas era uma criança feliz, amada e que evoluía todos os dias. 
Aos 16 anos ele teve um problema (que não sei exatamente qual era) e faleceu.
Agora no Brasil eu me encontrei com ela e ela me contou o quanto as pessoas são SEM NOÇÃO, não há outra nominação.
Ela disse que ouviu, no VELÓRIO DO FILHO DELA, que ela devia estar aliviada já que o filho dela era problemático.
COMO ASSIM, GENTE???? Como uma pessoa tem a CORAGEM e a audácia de falar isso para a outra??????

Ela conversou com a mamãe e disse que se Deus quisesse mandar o filho dela de volta exatamente como ele era ela aceitava sem pensar. Ele era um menino lindo, era o filho dela! 

Como uma pessoa fala isso para um mãe que acabou de perder o filho?
O mundo é tão julgador e tão ruim em respeitar os sentimentos alheios, que, mesmo que ela sentisse um leve alívio LÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ no fundo, ela NUNCA se sentiria confortável em sentir isso, muito menos expressar isso em voz alta. Eu tenho certeza que ela não admitiria isso nem para ela mesma, e por que uma pessoa se colocou no lugar de externalizar uma coisa dessa?

Esse post grande foi apenas para falar duas coisas:
1- ouça esse podcast. Mesmo que você não tenha filhos e não queira tê-los, ouça para aprender a respeitar mais as mulheres (grávidas ou não). É um momento tão complexo e que vale muito a pena que você pare uns minutinhos do seu dia para entender mais o processo e ver o quão maravilhoso é o corpo humano.
2- exercite seu lado humano, sensível e empático. A gente tem que buscar melhorar esse lado, porque a vida já é muito difícil para ser ainda mais maximizada com erros que poderiam ser evitados com a gente se colocando no lugar do outro, respeitando o sentimento do outro ou simplesmente se calando.

O mundo precisa mais disso, pessoas que me leem. Eu busco evoluir todos os dias o meu lado empático e acho que você deveria também. Porque empatia nunca é demais.





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