terça-feira, 28 de julho de 2020

Lidando com minha ansiedade

Eu sempre me achei que fosse uma pessoa sem ansiedade. 
Mas quando eu falo de ansiedade eu digo essa ansiedade que é o mal que está batendo na porta de todo mundo durante essa pandemia doida.
Eu moro com uma pessoa que não consegue fazer nada sem ter mil coisas na cabeça dele mostrando os piores cenários possíveis.

Ao contrário, eu sempre fui uma pessoa animada quando as coisas estavam para acontecer.
Por exemplo, entrar de férias sempre foi sinônimo de planejamento de viagens, então eu ficava animada enquanto eu montava e escolhia tudo relacionado à proxima viagem e ficava extremamente animada quando estivesse chegando o dia de entrar de férias.

No caso de alguma situação relacionada a trabalho, por exemplo, se tivesse alguma reunião, ou entrevista de emprego ou se eu tivesse que conversar com meu chefe sobre alguma coisa séria, eu sentia nervosismo.

Como vocês podem ver, tudo isso que eu citei são formas de ansiedade, mas eu nunca enxerguei como tal, eu sempre dei outros nomes e isso me ajudava a lidar com tudo de uma forma mais tranquila.
ISSO SOU EU, TA. Era minha forma de lidar, não quer dizer que para as outras pessoas é assim ou deveria ser assim.

Porém, nos últimos tempos eu tenho me notado extremamente ansiosa (no sentido que todos usam mesmo) com tudo. 


Não sei se tem a ver necessariamente com a pandemia. No meu caso eu acho que não, que tudo só foi agravado por ela.
Esse ano era para ter sido meu ano, com muitos planos, e muita esperança para fazer acontecer, então eu já comecei o ano muito ansiosa. 
Aí veio minha viagem para o Brasil e a pandemia que tirou tudo do eixo.
Eu, como pessoa controladora que sou, me sinto muito angustiada quando as coisas demoram a acontecer, principalmente quando eu estou pronta para o que tem que vir, mas nada acontece porque não depende de mim, depende de coisas que eu não posso controlar.

É obvio que essa confusão pegou todo mundo de surpresa, mas para mim pegou de uma forma diferente (para todo mundo pegou de uma forma diferente, lógico, mas estou aqui para falar de mim, não consigo falar por outras pessoas. Se quiser me contar como pegou para você, pode comentar abaixo ou me mandar um email ou algo assim).
Eu fiquei realmente frustrada, porque depois de quase três anos segurando as barras e ficando em segundo plano, eu esperei que esse ano fosse todo meu e que eu pudesse concentrar 100% apenas em mim mesma.

Porém fiquei presa no Brasil por quatro meses e não tinha me preparado para isso (lógico que não), então não tinha levado comigo coisas que pudessem dividir meu tempo e atenção, então criei um hábito PÉSSIMO de ficar enfiada no celular o tempo todo, independente do que eu estivesse fazendo.
Se eu estivesse tomando café da manhã, assistindo uma série, um filme, ouvindo uma música... não interessa, eu estava com o telefone na mão e com a cara enfiada em rede social ou no Wapp.

Isso tudo estava aumentando ainda mais minha ansiedade e eu não conseguia produzir NADA. Eu fiquei três meses e meio (15 dias foram ótimos, foi quando eu aproveitei mesmo minhas férias) ocupando lugar no mundo e me sentindo uma inútil. Péssimo!!!

Ansiedade para mim é sentimento de que estou no mundo, mas não deveria estar porque não estou fazendo nada. Não estou produzindo, não estou contribuindo. Eu tenho 31 anos e enquanto várias pessoas nessa idade já tem suas vidas prontas, eu estou parada e ficando mais velha e sem sair do lugar. 
O que me deixa ainda pior quando eu estou vendo a realidade distorcida do que as pessoas postam em redes sociais.

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Só abrindo um parênteses aqui. 

Rede social é péssimo, porque a gente sabe que nada daquilo dali é verdade, que as pessoas selecionam o que postam, mas mesmo assim a gente fica vendo e comparando com a gente. 
Eu tenho consciência de que não é real, não encho os olhos com carros e viagens caras, eu me sinto mal de ver pessoas prontas para planejarem um filho, por exemplo, porque se elas estão nesse momento é porque as outras coisas da vida estão PELO MENOS encaminhadas. Sei que pode não ser verdade, mas é como eu vejo.

Há muitos anos que parei de seguir influenciadores que eu não consigo me sentir representada, e vídeos de comprinhas não me fazem sentir nada, na verdade me incomodam porque esse consumo exacerbado me incomoda muito.

O que me deixa ansiosa, por exemplo, é ver pessoas postando leituras atrás de leituras (eu sigo muitos perfis de leitura) e eu presa no Harry Potter (que AMOOOOO) há dois meses. 
Então aqueles perfis que postam quando estão pra baixo, que não conseguiu pegar um livro nessa semana (apesar de ser um perfil de leitura) me dá um calorzinho no coração e me fazem sentir bem.

Eu sou imigrante e só quem é imigrante sabe o que é viver essa vida perfeita sóquenão. Constantemente a gente questiona a decisão de ter saído de casa, do país e do lado das nossas famílias, e todo imigrante se vê em outros imigrantes e a gente segue muita gente que está fora também.

Eu seguia uma menina que tinha a vida "perfeita". 
Ela era linda, vivia batendo perna para cima e para baixo, tinha energia para fazer tudo na rua (isso é uma coisa que me deixa muito para baixo, é ver pessoas fazendo coisas que eu posso fazer, mas não faço porque estou sem energia para sair de casa), tirava fotos lindas e coisas assim. 
Um dia ela postou vários stories chorando de saudade de casa, do pai, da vida dela no Brasil. Dizendo que queria voltar para casa, que isso aqui não era para ela e que ela se sentia sozinha todos os dias.
Meu Deus!!!!! O quanto aquilo fez eu me sentir normal não está no gibi! Eu sentia muito o que ela sentia, mas não via outros imigrantes postando e falando sobre isso, então eu me sentia mal e ingrata o tempo todo por não valorizar e estar 100% feliz por estar aqui, afinal de contas todo mundo estava feliz e confiante da decisão, por que eu não? 
Porque ninguém está 100% feliz com nada, e ver aquela menina falando sobre isso me deu um calor no coração sem tamanho. Obrigada por isso, menina que não vou citar nome.

Para finalizar esse parênteses e voltar para o assunto do post eu, quero só dar um conselho: siga pessoas que acrescentem coisas boas à sua vida, se você assiste alguém e se sente mal ou para baixo de alguma maneira, reflita se vale a pena continuar acompanhando essa pessoa.
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Voltando...

Aí consegui voltar para casa e para minha vida.
Apesar de as coisas não estarem como eu queria ou como deveriam estar, eu tenho me sentindo muito bem e sinto todos os dias que eu tenho produzido bem, mesmo que não esteja trabalhando e contribuindo para o mundo necessariamente.

A primeira coisa que eu fiz e que mudou MINHA VIDA foi tirar notificação do Wapp (não tenho notificação no Instagram há séculos; para eu ver se algo aconteceu por lá eu tenho que entrar no app).
As mensagens já chegam sem vibrar o telefone e sem tocar há anos, mas eu ainda recebia aquela notificação prévia da mensagem enquanto eu fazia outras coisas. Isso me dava muita ansiedade, porque se eu estivesse lendo um email, assistindo um vídeo, conversando com alguém ou fazendo qualquer coisa, eu não conseguia mais concentrar enquanto não ia lá ler a mensagem e responder. Isso me fazia muito mal, porque eu decidia fazer uma coisa e não conseguia focar se alguém me mandasse mensagem. Era péssimo.

Aí decidi tirar esse tipo de notificação também. Agora meu Wapp mostra prévia de mensagens apenas se meu telefone está bloqueado. MELHOR COISA QUE EU FIZ.
Juro que essa coisa TÃO SIMPLES me deu uma paz de espírito imensa.

Segunda coisa foi quando decidi entrar na jornada da #conquistasdemim e foi MARAVILHOSO. 
O desafio me ensinou muita coisa e eu estou seguindo mesmo após o fim dos 21 dias e eu tenho me sentido muito bem.

Todos os dias eu acordo e tomo banho e tem sido ótimo. Eu geralmente tomava banho antes de dormir, mas tomar pela manhã tem sigo muito bom, parece que traz mais alegria, eu tenho ficado com mais energia e mais feliz.
Aí e o Kalil sentamos juntos para tomar café (é pra glorificar de pé, pessoas, porque eu e o Kalil não tomávamos café juntos não, viu. Agora estou tentando proibir aos poucos celular na mesa enquanto a gente está junto comendo. Daqui a pouco eu chego lá, fé em Deus).
Aí trabalho em alguma tarefa no dia e tenho feito alguma coisa todos os dias. Me sinto ótima quando eu finalizo.
Aí sento para tomar sol enquanto leio, escrevo ou ouço um podcast. Tem sido ótimo também e o sol tem me trazido felicidade.

Já falei disso tudo nos 21 posts da jornada, mas é que eu tenho me sentido tão feliz! O mundo não está mudando por causa disso, não estou ajudando com o desenvolvimento dele nem nada, mas eu tenho estado mais feliz, e acho que essa felicidade é ótima para o futuro e para planos que eu estou confabulando para quando as coisas começarem a se ajeitar (ajeitar no que diz respeito à minha vida e do Kalil, gente, não necessariamente com relação à pandemia, ta, porque infelizmente a gente não pode prever quando isso vai acabar e eu não vou ficar estacionada esperando isso tudo passar, e se não acabar?).

No final das contas, eu acho que o que mudou com relação a minha ansiedade e esse sentimento de inutilidade foi quando eu reconheci que eu estava sentindo isso. 
Não foi de um dia para o outro que tudo mudou. Demorei meses para reconhecer que era realmente isso e demorei mais algum tempo para traçar uma estratégia para fazer isso parar. 

Não estou vivendo a vida que eu sonhei, mas estou preparando o solo para plantar minha árvore. 
Vai dar certo desde que eu me sinta bem e disposta. Acho que no final das contas é isso que conta, a gente se sentir bem para correr atrás, porque, como diz meu pai, ninguém vai bater na minha porta oferecendo uma solução para meus problemas, se eu não levanto e não corro atrás eu perco tempo e oportunidades.

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