quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Sexta-feira (pra mim)

É muito engraçado como eu funciono quando eu estou trabalhando. 

Ahhh, não comentei, mas estou trabalhando, povo. Sim, comecei no dia 8 de novembro, mas não vou me aprofundar muito nisso não, só tinha que situar vocês para entenderem a situção atual.

Voltando...

Hoje é sábado pra mim e quinta para as outras pessoas (inclusive Kalil está trabalhando hoje). Eu tenho MUITA energia quando eu trabalho, é engraçado.

Eu fiquei um ano e meio sem trabalhar e ficava o dia todo atoa e sem energia pra nada, o que é irônico porque eu não gastava com nada, então teoricamente eu devia estar com energia sobrando, ne, mas agora que eu estou trabalhando e já estou gastando energia com isso, é estranho como eu tenho energia sobrando, parece que meu corpo gera energia quando vê que eu estou gastando e para de produzir quando eu não estou.

Mas por que estou falando tudo isso? Porque hoje é sábado pra mim, mas acordei às sete da manhã (mainly porque o despertador do Kalil acordou a gente, mas eu podia ter continuado a dormir e não consegui porque meu corpo já acostumou a acordar esse horário) e fiquei fazendo hora na cama e só levantei depois das nove... Mas, meu leitores (três pessoas hahahah parece até que estou falando com mil pessoas, ne! Só tem três pessoas que eu sei que me leem aqui regularmente, o restante dos views provavelmente é gente que caiu aqui de paraquedas), eu levantei e arrumei uma energia, olhei ao redor e pensei: "O que eu vou fazer hoje?".

Umectei meu cabelo (pra quem não sabe é bezuntar o cabelo de óleo pra umectar, uma espécie de hidratação), fui aspirar o sofá, lavar roupa, arrumei cozinha, lavei cabelo, tenho um vídeo pra editar (oi, Amiga) e isso tudo à base de sertanejo no fone e vinho na taça.

Nem acredito que estou me sentindo viva assim, gente, depois de tanto tempo! Estou pra vir aqui atualizar e falar um pouco sobre isso, mas eu estava realmente ficando esgotada do trabalho (cof cof cof) e sem inspiração pra escrever, mas hoje me senti feliz e quis dividir com vocês essa animação que eu estou sentindo por estar trabalhando e fazendo faxina num sábado hahahaha


É só isso, gente! Beijos!

ps. 2021 ficou bom nos 48 do segundo tempo (pra mim... e pra você, né, Amiga S2)

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Reflexões de aniversário

Minha terapia costuma ser às sextas feiras, mas essa semana decidimos nos encontrar por meia horinha para a gente poder comemorar, porque hoje eu faço um ano de terapia, um ano que tenho Rita na minha vida e um ano que eu comecei a entender mais sobre mim com a ajuda dessa santa.

Tiramos nossa primeira foto juntas e a Rita trouxe até 
um bolinho pra nossa sessão pra comemorar.

Ela me perguntou como foi meu aniversário (que foi domingo, povo! Parabéns pra mim!!) e como estou me sentindo um ano mais velha.

Eu amo aniversário, me sinto bem e feliz todo ano (exceto quando estou no meu inferno astral que me sinto PÉSSIMA, porém dura um ou dois dias apenas), mas no dia estou sempre animada e pronta pra receber toda a atenção possível, mas esse ano foi bem diferente.

Eu não estava nem lembrando que meu aniversário estava chegando e estava super desanimada. No sábado eu e a Flavinha (oi, Amiga) tivemos um date e eu estava meio estranha e com dificuldade para me expressar, várias vezes me peguei com dificuldade de encontrar palavras e de explicar o que eu queria dizer. Quando deu meia noite o Kalil veio todo feliz me dar parabéns e eu nem me levantei do sofá, estava me sentindo pra baixo e não querendo falar sobre meu aniversário.

Acordei no domingo tentando forçar animação, mas no fundo só queria que o almoço com nossa turma passasse logo pra eu poder voltar pra casa e me esconder no sofá atrás de Gilmore Girls (voltei a assistir e não paro de reclamar o quanto todos os personagens são chatos kkkkk pra que então estou assistindo? Pois é, não sei, acho que é só pra reclamar deles mesmo e ficar xingando todo mundo com a Cath).

Mas aí fomos para o almoço e foi MARAVILHOSO!!!! Me senti TÃO feliz! A turma tava toda lá (menos Bruana e as meninas porque estão de quarentena já que a sogra chegou do Brasil), e foi leve, a gente conversou, riu, cantamos parabéns, comemos bolo, eu tomei cerveja, o dia tava ensolarado e com o céu azul sem nuvens, Andrégis foram e a gente não se via desde fevereiro de 2020.

Em tempos de pandemia não se sopra mais vela, 
a gente faz o pedido desfazendo o laço que segura o bolo.

Da esquerda pra direita: Diego, Teles, Nath, eu, Kalil, 
Cath, Talis, Aline, Cecília, Thiago, Régis e Andressa.

Cheguei em casa bebinha feliz e a Carine me ligou e ficamos no telefone um tempão, vi a Duda comendo sozinha com as duas mãos (teremos uma canhota ou uma destra???); aí a Thau me ligou e ficamos umas duas horas batendo papo;  depois a Ju me ligou e conversamos um tempo também... Recebi ligações, stories de parabéns nos stories, carta, cartão, mensagem no wapp, o melhor vídeo do mundo da Tata e do Henrique tentando dar parabéns e o Be chorando, com bico caindo no chão, um caos total que eu quase morri de rir...

Foi um dia que, assim como todos os outros, eu me senti muito amada, e quando a gente está pra baixo (e menstruada, de TPM e a cara toda estourada de espinha) é o que mais a gente precisa. 

No final das contas eu tive um aniversário MUITO feliz!

Porém, a segunda pergunta da Rita sobre como estou me sentindo com um ano a mais teve a resposta de que não estou sentindo nada. Geralmente eu sinto alguma mudança, porque eu sempre espero meu aniversário ansiosamente então me condiciono a sentir alguma mudança, esse ano como foi atípico eu acabei não sentindo nada.

Não sei se é porque 2021 foi HORRÍVEL, mas não estou nem lembrando que meu aniversário foi há dois dias atrás. Todo ano eu fico tacando na cara do Kalil que ele tem que me respeitar umas duas semanas antes do dia e até o dia 27 (porque 28 é o dia dele e aí eu que tenho que respeitar ele, ne), mas esse ano eu to bem phodas mundo mesmo.

Outro dia perguntei pro Kalil o que foi a melhor coisa que aconteceu pra ele em 2021 e ele disse que nada. Perguntei a mesma coisa pra Flavinha e ela também não conseguiu me responder. E é exatamente o que eu sinto, nada foi bom esse ano, pelo contrário, tudo foi uma grande merda.

2020 foi péssimo, mas eu fui ao Brasil e eu fiquei MUITO feliz (apesar de ter ficado presa sem saber quando eu voltaria, não me deu trauma nenhum e eu voltaria amanhã se pudesse) e a gente mudou pro melhor apartamento possível (o apê em si e o fato de termos Catalis como vizinhos), então tive movimentações, mas 2021 foi um ano que nada aconteceu, e quando eu falo nada, é NADA REAL!

A Rita me falou que foi um ano pra eu olhar mais pra mim, pra eu me conhecer mais, pra eu pensar mais, e talvez seja verdade, sabe. Desde que viemos pro Canadá que minha vida não é mais normal, que não sou eu mesma, que eu estou em constante medo e apreensão, aí veio pandemia e on top of that eu ainda me tornei cínica e pessimista e com crises de ansiedade que eu nunca tive antes, então eu comecei a não mais me reconhecer, não conseguia mais me ver, e eu consegui perceber isso agora em 2021, então talvez esse seja o ano de eu perceber o que eu perdi de mim e tentar retomar, meio que me curar de 2020 e desses quatro anos de Canadá.

Eu sinto muita saudade de mim. Estressada sempre fui, mas o estresse desde que vim pra cá é outro, é exaustivo. 

Eu tenho conseguido aos poucos a voltar a ser eu, lógico que uma Nicole diferente com 30+, imigrante, casada, sem tomar remédio, mas eu tinha perdido minha essência. Sinto que nos últimos meses tenho conseguido retomar isso. 

Minha vida sempre caminhou muito bem sendo otimista e pensando no lado bom de tudo mesmo quando o mundo esteja caindo na minha cabeça, então é isso que estou tentando voltar a ser, e acho que tenho conseguido.

Espero que esse ano que começa pra mim seja isso, um ano para eu voltar a ser quem eu tenha orgulho de ser, uma pessoa que encare as dificuldade com mais leveza e que pare de sentir pena de si mesma, porque apesar de não ser fácil, é um privilégio DA PORRA e um desperdício GIGANTE ficar jogando esses anos no lixo chorando pelos cantos (chorando no sentido figurado, porque graças a Deus a fase chorona passou) e justificando meu baixo astral.

domingo, 10 de outubro de 2021

Simples momentos de felicidade

 Eu adoro passar aqui e fazer mil reclamações, né!? Mas dessa vez eu quero compartilhar uma coisa super simples e que eu nunca pensaria que faria tanta diferença na minha vida.

Aqui no Canadá as casas não tem janelas como tem no Brasil, meio que não precisa muito também porque ou está muito frio e precisamos ligar o aquecedor, ou está muito quente e precisamos ligar o AC. Mas aqui em casa, por exemplo, temos a porta da varanda e duas janelas basculantes nos quartos, mas são pequenas e ficam embaixo. 

No Brasil temos janelões que ficam abertos e aquele ventinho gostoso entra dentro de casa no verão e deixa fresquinho e é LÓGICO que nunca dei muita importância, porque o que é normal e comum na nossa vida a gente não valoriza, ne.

Em inglês tem uma expressão maravilhosa que é TAKE FOR GRANTED, que é tomar como certo, uma coisa que já temos, mas que o sentido é que a gente não valoriza mesmo, que é uma coisa que já está ali (eu tenho muita dificuldade de explicar essa expressão e o Kalil demorou um tempo pra conseguir me fazer entender, porque não temos uma expressão parecida em português).

Aí estamos em outubro, teoricamente era pra começar a ter esfriado já, está até mais fresco, mas não frio, e o prédido já desligou o AC central e não temos mais ele ativo dentro dos apartamentos, e como as casas aqui são preparadas para manter o aquecimento dentro por causa do frio intenso, está mais quente dentro de casa que do lado de fora, e nossa solução foi abrir tudo pra tentar refrescar.

Então as mini janelas dos quartos estão abertas e a porta da varanda também, sem contar que as portas dos quartos que geralmente ficam fechadas também estamos mantendo abertas para o ventinho correr e ter corrente de ar. 

Gente! O quanto isso está gostoso vocês não tem ideia!!! Ontem eu e Kalil estávamos no sofá vendo filme e um ventinho entrando e batendo no meu cabelo, lá fora estava chovendo e eu tive um momento de felicidade e de paz que há muito tempo eu não tinha. E na noite anterior foi a melhor noite dormida dos últimos meses também. Olha que coisa simples! 

Mas a vida é assim, né?! Momentos felizes e bons geralmente são os mais simples e que a gente não dá muita importância e não liga muito, mas que no final é o que faz a vida valer a pena ser vivida.

ps.: vocês podem ver que estou numa fase boa, que tenho me sentido bem melhor e mais pra cima. Torcer pra ficar assim!

Beijo, povo! FUI!


quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Verão está se despedindo

 O feriado de Labour Day é na próxima segunda feira e é geralmente nessa época que o verão começa a dar sinais de estar indo embora. É nesse fim de semana prolongado que costuma ser o último fim de semana muito quente, mas esse ano parece que as coisas estão diferentes.

Desde ontem, 31 de agosto, que a gente começou a sentir um ventinho mais fresco e aquele calorão das semanas anteriores não estava mais aqui. Mas o dia estava muito lindo , com um céu azul e um solão apesar de frequinho. Inclusive o dia de ontem foi muito gostoso. Eu acordei de bom humor (POIS EH!!!! Também me surpreendeu) e decidi que ia pra downtown sozinha resolver umas coisas. Foi um dia TÃO bom. Cheguei lá por volta das onze e fiquei andando pela Queen Street W. fazendo minhas coisas, e consegui fazer tudo. Fiquei ouvindo podcast (Episódio: Briga apimenta relação? do Calcinha Larga) e quando acabou fiquei ouvindo minha playlist brasileira. Aí sentei num Starbucks e fiquei tomando uma limonada de Açaí com Morango geladinha. Ai, que delícia que foi. Tinha tanto tempo que eu não saía assim, acho que tinha esquecido o quanto gosto de fazer coisas sozinha (engraçado que eu li um post meu antigo daqui e nele eu falava o quanto fazer coisa sozinha era chato. Acho que essa independência eu criei depois que cheguei no Canadá).

Olha que dia lindo!

Voltando a falar do verão indo embora...

Então hoje, dia primeiro de setembro, o dia começou bem mais fresquinho, arrisco a falar mais friozinho. A Cath comentou que foi trabalhar de sweater, inclusive.

Eu falo sempre que amo o calor, né, e sempre que ele vai embora (ou começa a ir) eu fico um pouco triste porque amo a sensação de sair de camiseta, de shortinho e de vestido é muito boa, mas confesso que fico ansiosa também com essa época mais fria chegando quando eu posso voltar a usar calça jeans (amoooo jeans) e sweater, sem contar que quando o verão se despede, o outono dá o ar da graça e essa é minha época preferida do ano, porque a cidade fica MARAVILHOSA e é sinônimo do meu aniversário estar chegando também. Então é uma tristeza excited com o que está por vir também!
Mas é estranho, porque esse ano está diferente e eu não queria que o verão fosse embora. É a primeira vez desde que chegamos aqui que eu fico triste que o frio está chegando (engraçado como 2021 está sendo um ano mais difícil pra mim que foi 2020, e isso resulta numas sensações estranhas assim).

Mas é isso. Agosto foi embora voando, quando chegou a gente piscou e ele acabou, e com ele o calor. Vou torcer para ter uns dias em setembro BEMMMM quentes ainda para eu poder despedir oficialmente do verão e me preparar para o inverno.

Era só isso mesmo, people! Um beijo e fui!

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Minha maior mudança morando fora

Estava eu aqui escrevendo para minha cápsula do tempo (vou falar sobre isso em outro post) e precisei lembrar de uma coisa, mas que aconteceu na era pré pandemia, o que parece que faz muito tempo, então eu meio que não me lembro exatamente como algumas coisas aconteceram e a ordem, então vim no blog para ver se eu tinha escrito sobre para que eu conseguisse me lembrar. Achei o post (obrigada, Nicole do passado), fui ler e percebi umas coisas.

Eu sou uma pessoa que mudou MUITO desde que vim para cá. Acho que é esperado isso das pessoas, né, inclusive a Cath falou uma frase nesse fim de semana para mim que eu achei GENIAL e provavelmente me lembrarei dela eternamente (e se eu não lembrar, escrevo aqui e venho consultar kkkkkk): "é necessário sair da ilha para ver a ilha". Amei DEMAIS essa frase. Deixa eu contextualizá-la.

Nós duas saímos no sábado para bater perna no Yorkdale (shopping) - o que temos feito com muita frequência e eu tenho amado (sair pra bater perna, não ir ao shopping). Eu sentia muita falta de ter amigas para sair e poder ter um tempo fora de casa sem o Kalil - e quando nós estamos juntas a gente não para de falar um minuto, conversamos O TEMPO INTEIRO, a garganta até seca, e é muito fácil conversar com ela sobre tudo mas principalmente sobre nossa vida aqui, porque as duas são imigrantes e nosso histórico é muito parecido, então a gente se vê uma na outra, a gente sente/sentiu as mesmas coisas e se entende.

Estávamos falando sobre nossas mudanças depois que viemos para cá, sobre como lembrar do nosso tempo no Brasil é estranho, porque muito do que fazíamos e pensávamos já mudou muito, e que essa é com certeza a maior mudança que tivemos.
O brasileiro é muito crítico, julga muito, fala muito das pessoas e isso é o que mais incomoda a gente hoje dia.

Quando eu estava para ir ao Brasil, a Cath me preparou para as pessoas se sentirem livres e confortáveis para falarem do meu corpo, do meu cabelo e principalmente sobre meu peso. Isso sempre foi uma coisa que todo mundo fez, mas depois de três anos não vivendo isso, quando aconteceu foi realmente um incômodo engraçado.
É lógico que elogiar, falar como a pessoa está bonita é normal, e a gente faz mesmo, mas o brasileiro fala de um jeito diferente e constantemente se acha no direito de falar mal e dar opinião.
Eu sou da teoria (hoje em dia) de que se não for para falar bem, não fale nada, e hoje em dia eu me recuso a falar QUALQUER COISA SOBRE O PESO DAS PESSOAS. Magreza não tem que ser sinal de beleza e uma pessoa gorda não é feia.

Quero deixar claro que eu fui exatamente essa pessoa que hoje em dia me incomoda, a que tinha o discurso de que "tudo bem a pessoa ser gorda, mas ela tem que se vestir de acordo, não pode vestir isso ou aquilo".
Gente!!! Por que não??? E quem sou eu para ter opinião sobre a roupa e o corpo da OUTRA pessoa?

Eu já fui a pessoa que notava a roupa dos outros no shopping e comentava "como que aquela pessoa teve coragem de sair de casa assim? Não tem amigos pra falar pra voltar e se arrumar?". Sou inclusive a pessoa que achava ruim de o Kalil me buscar em casa de camiseta, e chinelo era motivo de brigar e falar "pelo amor de Deus! Chinelo???". 
Olha que absurdo! 
Hoje em dia que eu não ligo mais pra roupa que o Kalil sai comigo, o que importa é ele estar confortável, se ele vai de chinelo ou de regata não é da minha conta, mas vejo os efeitos do que eu fiz com ele.
Sempre que saímos ele coloca blusa de manga e tênis quando lá fora tá mil graus e um calor infernal, porque ele traumatizou com meu ideal de roupa pra sair quando a gente namorava. Eu tenho que falar pra ele "mo, vai lá se trocar, coloca camiseta porque está muito quente e você vai suar mais com essa blusa aí", ou então "vai de chinelo pro seu pé respirar um pouco, mo, ta muito quente" (disclaimer: faço isso porque sei que é o que ele queria, ta, não é porque estou decidindo por ele não).

Agora deixa eu explicar a frase "é necessário sair da ilha para ver a ilha".
A gente só consegue ver esse tipo de atitude que a gente tinha, e que os brasileiros ainda tem, porque a gente se afastou e mora em um lugar em que esse tipo de coisa não é aceito e não é normal. Eu tive que sair do Brasil para aprender que o que eu cresci achando ser o normal é, na verdade, muito errado e tóxico. 

E por que eu estou fazendo um post inteiro falando sobre isso?
Porque eu sofro com essas críticas e julgamentos até hoje em TUDO que acontece comigo.
Eu sou uma pessoa que se preocupa muito com o que os outros pensam de mim e muito disso é porque eu fui a pessoa que criticava TUDO e TODO MUNDO, então tudo o que eu faço, ou falo, ou visto eu penso que vai ter uma Nicole falando mal, chamando de ridícula, de sem noção.
Meu inglês eu considero horrível e eu fico insegura até hoje (e creio que sempre ficarei), porque sou a pessoa que falava "mas fulano mora fora há X anos e até hoje não é 100% fluente? Até hoje tem esse sotaque carregado?". Eu julgava o inglês DOS OUTROS, eu achava que o inglês DOS OUTROS não éra bom o suficiente (qual régua eu usava? A do meu julgamento mesmo).
Quem morreu e me nomeou a juiza de vocabulário e sotaque e fluência, gente? 
Mas mesmo que hoje eu seja uma pessoa mais decente e tentando sempre melhorar e evitar ao máximo em falar qualquer coisa sobre qualquer pessoa, eu não consigo controlar o que pensam e falam de mim, ne. Então me vejo constantemente me justificando sobre tudo o que eu faço.

Por exemplo, estou sem trabalhar e me pego o tempo todo me explicando para as pessoas COMO SE ISSO FOSSE DA CONTA DELAS!!!! 

Agora que vivo fora é que consigo ver como essa cultura julgadora brasileira não traz NADA de bom para ninguém porque a vida do outro não é da nossa conta.

Só um desabafo mesmo, pessoas. Acho que falei mil coisas e não consegui explicar bem o que eu queria.

Mas só pra finalizar esse post sem pé nem cabeça, vou passar para vocês meu lema e da Cath: DEIXA OZOTO!

Beijo, fui!

Então não vamos medir para os outros com as nossas réguas, combinado?


sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Não me sinto mais sozinha

 Quando viemos para o Canadá em 2017, aquele primeiro ano foi muito difícil, foi uma junção de tanta coisa e muita mudança ao mesmo tempo. Eu e Kalil tínhamos acabado de casar e fomos morar juntos pela primeira vez, eu deixei meus pais, a Mel, meus amigos, meu trabalho, minha língua, minha cultura e todo o resto para trás, então eu me sentia muito overwhelmed (o que acho que é meio que normal quando a gente sai da zona de conforto em todos os setores da vida de uma vez só).

Mas além de todas as essas mudanças que já não eram fáceis de lidar, eu me sentia muito sozinha, mais sozinha do que nunca me senti na vida. Sempre fui uma pessoa rodeada de pessoas. Meus pais sempre perto, meus amigos sempre perto e vir pra cá foi MUITO difícil. Outro dia mesmo eu e Rita conversamos sobre isso e chegamos à conclusão que aquele primeiro ano e a solidão que senti ainda são uma questão muito grande pra mim, ainda é algo que me dói e que tenho que superar.

Eu sou muito intensa e próxima das pessoas, eu me preocupo, eu cuido como posso, eu ajudo quando posso, mas é MUITO MARAVILHOSO quando sinto que eu não dou sem receber de volta, eu sinto esse amor de volta e é uma coisa das coisas mais maravilhosas desse mundo.

Nas semanas difíceis que tive pra trás, eu decidi dar um tempo do Instagram e ia ficar uns três dias fora. Acabou que não senti falta e me senti bem distante daquela confusão que não acrescenta em nada, a não ser na ansiedade e na confusão mental, então hoje faz duas semanas que estou longe (apesar de o Insta ainda estar lá).

Eu não avisei ninguém (só duas amigas que a gente troca meme todo dia) porque pensei que seriam só alguns dias, mas como se estendeu, algumas pessoas notaram minha ausência e vieram me perguntar no Wapp se eu estava bem e eu me senti tão bem e tão amada (o meu objetivo não era fazer as pessoas notarem minha ausência, não sou a pessoa que faz esse tipo de drama).

Paulinha me liga todo mês e ela me mandou mensagem perguntando quando poderia me ligar e eu pedi uns dias porque não estava muito bem. Ela entendeu, me deu conselhos para eu tentar me sentir bem e veio checar se eu estava bem uns dias depois, mesmo que ela tenha dois filhos pequenos em casa pra cuidar. Ela arrumou um lugar no meio do caos da vida para se preocupar comigo e isso me deu um quentinho no coração. Até veio falar que está com saudades de eu falar sobre o tempo aqui e mostrar a CN Tower que ela arrumou um ranço sem sentido.

Tata notou minha ausência e me perguntou se tava tudo bem e agora frequentemente me atualiza das fotos do Be que ela posta e me conta tudo o que anda acontecendo. O pequeno está crescendo tão rápido que é assustador. Ver que a Tata gosta de dividir o crescimento e desenvolvimento dele comigo me fez sentir super amada.

Flavinha (oi, Amiga) veio mais de uma vez conversar comigo e foi só com ela que eu me abri mais e que me ajudou muito. Como eu disse pra ela, não gosto de dividir minhas coisas, mas sempre que consigo me abrir tira um peso de dentro de mim enorme. E com ela eu converso constantemente sobre nossa série de livros (Trono de Vidro, MUITO BOM!!! Recomendo) que lemos junto e sobre um monte de coisas do dia a dia que é ótimo para nos deixar próximas não falando só sobre o que nos deixa mal.

A Laís (uma das meninas que avisei que sairia) veio checar como eu estava mais de uma vez também e foi ótimo conversar com ela. Ela é namorida do René e minha conexão com ela foi quase que instantânea. Geralmente a gente só fala sobre memes, coisas engraçadas e sem importâncias, mas sei ela se importa comigo assim como me importo com ela. Foi gostoso ela tirar um tempinho do dia dela pra vir falar comigo.

A Ju (a outra pessoa que avisei) veio falar comigo também me perguntando como eu tava porque era pra eu ter saído três dias do Insta e não abandonar ele lá pra sempre. Expliquei que a desintoxicação estava fazendo bem e ela disse que concorda que às vezes é necessário fazer isso, ela faria se pudesse (não faz porque ela trabalha com Instagram).

A Ana Paula notou minha ausência também e veio perguntar se estava tudo bem. Eu disse bem por cima que não estava e ela se colocou a disposição para conversar comigo sempre que eu precisasse de um ouvido, o que achei muito lindo. Ele é minha amiga de infância que recentemente nos aproximamos novamente e foi muito legal e especial. 

Então, esse post inteiro foi para mostrar o quanto sou feliz por não me sentir mais sozinha, por eu estar tão longe dos meus, mas que a distância física não significa nada se existe amor. Eu me sinto TÃO amada e isso pra mim é tão importante que quando me sinto mal tento sempre me lembrar que as pessoas se preocupam comigo e que eu faço falta, eu nunca estarei sozinha enquanto tiver pessoas que me amam mesmo de tão tão distante.

Not anymore.


Rainy day

Pra quem me conhece um pouquinho ou já passou mais de uma hora comigo com certeza já me ouviu falando que “eu amo calor, amo frio, amo neve, mas odeio chuva e blá-blá-blá”.

Porém ontem, por algum motivo, eu gostei da chuva.

Toronto está muito quente há muitas semanas. Tudo bem que estamos no verão e é esperado que esteja muito quente, mas esse ano o calor demorou muito pra chegar, apesar de que maio foi super quente com um presságio meio fajuto que o verão ia ser quente. O calor só chegou realmente há umas duas semanas, e que calor! Nuh!

Mas eu reclamo porque eu amo reclamar, não tem relação necessariamente com o calor, porque eu amo os dias quentes e de sol.

Bom, ontem estava MUITO quente e tarde começou uma super tempestade. Decidi ir pra varanda um pouco e aproveitar o clima fresco e o cheiro de chuva (que não teve pq morar no 15o andar nos priva do cheiro de terra molhada né).

Mas fui e senti uma paz gostosa. Claro que a música calma e tranquila que eu estava ouvindo influenciou.

Sentei no chão e me deixei ser molhada pelas quatro gotas que conseguiram adentrar minha varanda (ela fica numa posição e num ângulo que é difícil de entrar água). Mas tem muito tempo que não tomo banho de chuva voluntariamente (a gente amava fazer isso quando criança né), então deixar a chuva me molhar, sentada na minha varanda que eu tanto amo e ouvindo um estilo de música que me relaxa fez com que eu colocasse as coisas em perspectiva por meia hora e ver que nem tudo está perdido, ainda há alegria no meio desse caos que o mundo está.

Ps.: e tenho tentado me deixar levar pela correnteza, ouvi dizer que isso ajuda a gente a ter forças para remar para fora.





quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Sumi, desculpa

 Eu sei que não escrevo desde o início de maio e já estamos em agosto, mas apesar de muita coisa legal ter acontecido nesse meio tempo, eu não senti necessariamente vontade de escrever.

Ontem, conversando com o Marco, e aquela conversa inicial normal "E aí? Tudo bem? Como você ta?" eu percebi que dei uma resposta pra ele meio que automática, mas que bate diretamente com a forma que tenho me sentido. Respondi um simples "To", porque acho que é realmente como estou, sabe. Faz sentido? Talvez não, mas é como estou agora, porque não estou mal, mas também não estou bem. É como se eu estivesse apenas existindo. As coisas boas não estão tendo grande influência sobre mim no momento, e as coisas ruins não são nada mais do que mais do mesmo, então me sinto anestesiada e planando no mundo.

Que sensação mais bizarra, porque eu nunca me senti assim antes, eu sempre sou intensa nos meus sentimentos, mas tem tanto tempo que as coisas estão tão estranhas que entrei num estado esquisito de NADA. Tenho medo de esse ser o normal daqui pra frente para todo mundo. Eu sinto todo muito meio aéreo e meio indiferente, como se a merda fosse o novo normal e o bom fosse algo passageiro, que não vem pra ficar, então não vamos dar tanta importância.

Ontem me peguei pensando: e se nunca mais sair disso? E se meu destino é ficar em casa pra sempre, esperando alguma coisa boa acontecer pra eu me sentir bem, mas nada acontecer? Eu ficarei eternamente na espera? Porque não me agrada pensar que isso é o normal, sabe, eu preciso mais do que isso pra poder ter motivação pra viver. 

Continuo dormindo, escovando os dentes, comendo, tomando banho, socializando, mas é como se nada tivesse tanto sentido, é como se tudo o que eu faço tivesse uma dose de "pra quê", sabe?

Am I in a dark place? I don't know, but definitely I'm in a dangerous gray area.



quarta-feira, 5 de maio de 2021

Paulo Gustavo

É injusto tudo o que está acontecendo com a gente durante essa pandemia. O "todo dia um 7x1" é muito real. 
Os dias tem sido ruins ou apáticos em sua maioria há uns meses já. Estamos em maio, 14 meses desde o início do apocalipse, então tem 14 meses que a gente não sabe o que esperar, que a incerteza e que o medo batem na nossa porta o tempo todo.

Ontem eu tive um dia bom. Acordei com mau humor (assim como nos dois dias anteriores), nada importante aconteceu pra isso, não estou na fase do mês que justificaria nem nada, só o corpo mesmo querendo ficar com vontade de matar todo mundo (no caso o Kalil, ne, porque ele é a única pessoa que eu vejo).
Aí de tarde eu tive que ir pra downtown. Fui sozinha, tirei esse tempo pra mim, nem convidei Kalil pra ir, queria ir sozinha, respirar fora de casa. Foi tão bom. Andei, fui no apê antigo para buscar uma correspondência que chegou lá no meu nome (que era uma propaganda hahahahah), e como eu estava lá fiz vários stories pra mostrar pra todo mundo um pouquinho de Toronto.
Cheguei em casa e foi um dia bom, um dia feliz, sabe. Mas nosso Paulo Gustavo (não vou falar quem ele é para a Nicole do futuro, porque ela nunca vai esquecer quem ele é) piorou demais. Ele estava internado por conta do Covid desde março, lutando bravamente para melhorar. Mas não conseguiu, a doença (que muita gente insiste em ignorar, a fingir que não é isso tudo) foi mais forte e levou ele de nós, e agora o Brasil está órfão de Paulo Gustavo e seu sorriso, sua risada, suas palhaçadas, seus xingamentos, seus coió e sua luz.

Passei o dia de hoje chorando, não sei se só por ele ou se por tudo o que estamos passando. Nicole do futuro (partindo da ideia de que um dia isso vai passar), não sei se você um dia será capaz de esquecer o que foi viver uma pandemia, mas não foi (e não está sendo) nada fácil. A angústia, o medo, o pessimismo, a exaustão estão conseguindo tirar de você o seu otimismo e sua capacidade de esperar sempre o melhor das coisas. Você entrou na terapia porque estava tendo crises (leves) de ansiedade, você sentia sua cabeça explodir com incertezas e falta de controle que são tão importantes pra você. Você muitas vezes começou a questionar a razão da vida (não que tenha pensado em fazer besteira, apenas perdeu um pouco do sentido viver nesse mundo/momento que estamos vivendo).
Eu espero que o dia que você ler esse post novamente no futuro (não muito distante, espero) você lembre do Paulo Gustavo e do quanto foi difícil perdê-lo, porque a intensidade que ele te fez sorrir e gargalhar milhares de vezes foi proporcional às lágrimas que você derramou.

Paulo Gustavo, obrigada por tudo que você fez. De onde você estiver tenho certeza que está achando um exagero tudo o que o Brasil está sofrendo, deve estar falando "ohhh, gente! Que isso?? Pode parar, eu hein!!!" (ouvi Dona Hermínia falando kkkkkk). Mas esse sofrimento é porque você é TÃO GRANDE que o buraco que você deixou no coração de todo mundo vai demorar um tempo para ser tampado. Mas não volta pra cá mesmo não, fica aí, fica bem. Daqui a gente se cura, a saudade vai ser eterna, o mundo não será o mesmo, mas a gente se vira. Fica bem!



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

O poder dos dias ensolarados

Eu sou uma pessoa muito fácil de agradar no que diz respeito a estações do ano, temperatura e clima. 

Fico feliz no verão quando os termômetros batem 35o com sensação de inferno; 



no outono que chove muito mas que a cidade fica tão maravilhosa toda vermelha, amarela e laranja que compensa o fato de chover muito; 



no inverno que os termômetros batem -15o com sensação de polo norte; 



mas para ser sincera, só mesmo a primavera que não fico muito feliz, porque chove demais, mas ainda está um pouco frio porque o inverno não quer largar o Canadá de jeito nenhum, então as temperaturas começam a subir, mas tem fim de semana que o frio volta com força, e tudo isso com chuva por duas ou três semanas sem parar e no meio do caminho, dependendo do quanto está frio, uma neve molhada e gelada horrorosa e nojenta. Credo, detesto a primavera.

Tia Nena e Tio Rubens vieram na primavera nos visitar e choveu TODOS OS DIAS.

Ainda estamos oficialmente no inverno, né, mas ontem o termômetro fez 6 graus positivos e eu não entendi nada! Ainda era para estar super frio, inclusive porque o frio intenso demorou muito para chegar. Acho que só tivemos um mês de frio real por aqui, da metade de janeiro a metade de fevereiro.

E eu sou a pessoa que adora o inverno, amo o frio intenso, amo a neve, mas confesso que os dias que o sol está rachando lá fora são os dias mais felizes para mim (independente da temperatura, mas quando está quente é ainda melhor).

Quando eu morava no Brasil, como temos dias de sol e de calor o ano todo, é obvio que eu não valorizava, né, mas morando aqui e vivendo meu quarto inverno, eu confesso que um dia de sol tem o seu lugar e são os dias que meu humor está bom sem eu nem precisar me esforçar.

Hoje levantei e o sol rachando! Já me animei e por um momento esqueci que moro no Canadá, então botei uma calça leggind curta, uma blusa leve de manga comprida e corri lá para a varanda, mas dei uma olhadinha na temperatura antes e quando vi...BOOOMMMM... -8o. 
Vai entender, mas taquei uma meia alta no pé, peguei uma blusa de frio (blusa mesmo, não foi casaco) e corri lá pra fora.
Porém, moro em Toronto e aqui venta horrores, então o vento me impediu de ficar mais que vinte minutos, aí entrei, tirei as blusas de frio, peguei um top e sentei no sofá, aí foi só felicidade. O sol quentinho, delícia. Fiquei feliz e animada.


Eu já tenho a auto estima altíssima e adoro tirar uma foto minha (e não sou leonina, hein! Se eu fosse o mundo não ia me aguentar), imagina quando o sol está rachando lá fora e eu ainda fico de bom humor!
Meu telefone é LOTADO de fotos minhas feliz tomando banho de sol, porque automaticamente eu me acho mais linda que o normal!

Eu amo tanto que não sei explicar. Parece que sol libera uma coisa muito boa no meu sangue, porque mesmo agora que o sol não esteja mais batendo no meu sofá e eu esteja escrevendo da mesa, só de olhar lá fora pela janela e ver que o céu está azul eu já fico feliz.

Acho que o sol tem o mesmo efeito de música pra mim, consegue controlar meu humor e mudar minha energia.
Eu sei que tem a explicação da vitamina D e etc, mas pra mim acho que é mais do que isso.


Estou contando os dias para o calor chegar e, mesmo durante o lockdown que parece que não vai acabar tão cedo por aqui, montar barraca na minha varanda e voltar com minha corzinha e marquinha de biquini.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Sentimentos

 Tempos de ócio são sinônimo de ficar pensando o tempo todo e de ficar rolando o feed do Instagram.

Hoje eu estive inspirada e fiquei lendo várias passagens de livros, poemas e mensagens de motivação, e constantemente me deparo com esse tipo de mensagem:


Eu sofro constantemente com auto shame em que eu fico me sentindo ridícula e me culpando por sentir ou pensar as coisas, como se fosse ridículo, coisa de adolescente, de gente imatura, como se fosse patético uma mulher casada de 32 anos sentir e pensar certas coisas.

Aí vem meu questionamento: qual a necessidade de incentivar as pessoas a deixarem as coisas pra lá e que isso é coisa de gente madura?
Engolir sentimento e não falar sobre ele não significa que ele não está lá.

É tão complicado quando a gente tem que mentir para nós mesmos para parecermos mais adultos e maduros. É tão doído a gente não poder ser honestos com nós mesmos.

E não sei vocês, mas se alguém gosta de mim eu vou ficar muito feliz de saber disso, sentimento bom é para ser compartilhado, dividido, multiplicado.

Os quotes de incentivo e de inspiração insistem em nos falar que temos que ser superiores, que temos que deixar o outro vir atrás, que o silêncio é a melhor resposta, mas eu sinceramente acho que o silêncio funciona para quem gosta de responder com o silêncio (sem contar que silêncio pode ser um tipo de ghost e eu pessoalmente sou super contra, porque eu acho uma falta de respeito quando a pessoa só some e para de falar sem dar maiores explicações, já até falei sobre isso anteriormente). Se você é como eu que gosta de saber das coisas, que valoriza uma comunicação profunda, que gosta dos pingos nos Is e que se sente melhor falando e se expressando, não se sinta pressionado a se calar para ser superior, afinal de contas o que você ganha com isso? No final do dia você vai ficar pensando sobre o assunto, remoendo sozinho, alimentando sua ansiedade? Então fale! Se expresse! Quer ser superior para quem? Em relação a quem? 
Você acha que é melhor do que o coleguinha porque ele fala do que sente e você não? No final das contas, você provavelmente está cultivanndo uma dor de estômago ou uma úlcera aí atoa.


Corra você atrás do que você quer, não seja espectador da sua vida. Não coloque na mão de outras pessoas a decisão do que importa para você.

Você gosta? Vai atrás! Relações humanas precisam de manutenção (como diz a poeta Flávia Maurílio), a gente tem que saber dar pelas pessoas que a gente gosta e não apenas esperar que elas venham.
Mas corremos o risco de estar dando murro em ponta de faca, então precisamos saber quando parar, mas esse momento só nós vamos decidir quando estamos prontos para isso.

Eu moro longe, a mais de 7mil km dos meus, então se eu não vou atrás deles, muitas vezes posso me afastar de pessoas que quero na minha vida (às vezes para sempre e às vezes de forma temporária). 
Tenho pessoas que estão em constante contato comigo, tenho pessoas que se eu não for atrás não fala comigo, e isso não é porque não se importam. Cada um tem seu motivo. 
Porém, se isso te incomoda, FALA COM A PESSOA! Faça ela entender o porquê de isso te incomodar e dê a ela a oportunidade de falar porque ela é mais distante, afinal de contas nem todas as relações precisam ter presença diária.

E para finalizar esse post que começou de um jeito e terminou de outro, eu vi esse quote aqui e adorei:


Sejamos sempre honestos com a gente. Se você gosta, deixa a pessoa saber. Se ela não gostar de volta, acontece, lide com isso do seu jeito (seja ficando em silêncio após, seja chorando, seja virando a página), mas você merece colocar esse sentimento para fora e a pessoa merece saber, e isso é você que vai decidir. Esquece o que vai parecer, se você é "emocionado", se você entendeu errado, se você é imaturo ou adolescente.

Sentimentos e sensações são naturais e inerentes ao ser humano. Repito, negá-los não os fará  desaparecer, você só estará mentindo para você mesmo. 

Vamos reconhecer o que a gente sente, aceitar e aprender a lidar com isso. Como diz a maravilhosa Rita, aka minha psicóloga, a gente tem que entender o que está acontecendo para tentarmos controlar e decidir o que fazer com aquilo.
Depois que ela me disse isso, uma coisa aparentemente simples, tudo ficou mais fácil em diversas áreas da minha vida.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Weird crazy times

2021, já estamos quase na marca de um ano que estamos vivendo nessa bagunça. 

Detalhe que meu blog, antes de 2020, era sobre reclamação em ser imigrante, e agora é sobre eu reclamando sobre ser pandêmica. Podemos concluir que esse blog nada mais é do que um lugar onde eu venho reclamar das coisas. 


Que seja, o blog é meu e eu falo do que eu quiser. Se você que está lendo acha que eu reclamo só aqui, é porque nunca pegou o bloco de notas do meu telefone nem minha conversa com meus amigos, eu sou um poço de reclamação.

Voltando...

Um ano dessa bagunça que estamos vivendo. Fico pensando quando é que isso vai acabar, porque creio eu que o ser humano tem um prazo, não? Tipo, a gente consegue viver uma crise dessa dimensão por X tempos antes de entrar numa espiral sem volta. 

As pessoas ao meu redor estão sustando, todo mundo agindo de formas que não são normais, em constante ansiedade, tendo ataques de nervos, breakdowns, crises de choro, isolamento de não conversar, fechamento. 

Pra vocês terem ideia, eu tenho falado TANTO de crise de ansiedade, que outro dia estava conversando com alguém no Wapp e eu escrevi CRISE e meu telefone já sugeriu DE ANSIEDADE de cara. Eu fiquei meio em choque. Será que estou passando do limite e meu telefone já sabe que é outra crise que eu vou ter?

Porque aqui em casa é dia sim dia não de ataque de qualquer coisa. É preguiça excessiva sem força pra LEVANTAR DO SOFÁ, é o Kalil se arrastando pro banho e ficando lá embaixo do chuveiro apático sem saber muito bem o que está fazendo, sou eu tendo crise de choro ou de riso sem motivo, é o Kalil desanimado, é os dois se arrastando pela casa como dois doentes e sem propósito de vida.

No Brasil as coisas estão um pouco diferentes daqui, muita gente já voltou a trabalhar na empresa, às vezes saem pra encontrar os amigos, saem para dar uma volta no shopping, qualquer coisa para tentarem não cair na loucura, mas aqui não temos NADA. Lá fora o inverno está castigando. No inverno sol é uma raridade, então sempre que dá um solzinho eu fico andando pela casa tentando achar um lugar pra eu sentar e tomar uma vitamina D, então hoje eu acordei e o sol tava rachando lá fora. Botei uma meia, peguei um casaco de inverno com touca, uma cadeira e sentei lá fora (eu fiz isso outro dia e foi uma delícia), mas hoje eu consegui ficar 10min lá fora porque estava -18o e ninguém normal consegue ficar do lado de fora num frio de congelar os ossos desse jeito por muito tempo.

Antes de ontem, se não me engano, eu desci para olhar a caixinha de correio e fui lá fora por cinco minutos porque tinha nevado muito durante o dia e eu queria ver como estava lá embaixo. Antes disso, a última vez que eu tinha saído para fora da porta do apartamento foi na segunda anterior dia 18 de janeiro. Para ser sincera, acho que o Kalil saiu de casa uma única vez desde que 2021 começou. 

Aqui está tudo fechado. Estamos em lockdown desde novembro e assim que entrou janeiro estramos em estado de emergência, então pessoas que forem pegas aglomerando, fazendo festa ou qualquer coisa que não seja essencial pode ser multada pela polícia. Pessoal está chamando polícia para os vizinhos e ela está realmente aparecendo e dando multa para a galera.

Então, assim, a coisa está pesada por aqui. O inverno já é complicado, todo ano eu já dou uma surtada, mas esse inverno está complicado, viu! Jesus!!! Não esperei nem chegar março, que é quando eu geralmente surto.

E ainda tem os amigos que eu tenho visto que não estão bem, e o pior é que ninguém tem forças para ajudar ninguém mais. Eu vejo exaustão e apatia em todas as conversas, eu vejo todo mundo meio que se diminuindo aos poucos. A minha maior preocupação é se seremos capazes de nos curar dessa apatia e dessa exaustão um dia. Eu tenho medo de a gente ter se modificado após essa merda enorme que estamos vivendo, eu tenho medo de todo mundo ter morrido um pouco.

Eu estou com medo do que o futuro tem para nós, porque se essa pandemia não acabar eu creio que ninguém mais volta ao que era antes.

domingo, 17 de janeiro de 2021

Pequenas felicidades

Eu não sei se isso é coisa de imigrante ou se é coisa de pandêmico, mas aconteceu uma coisa hoje TÃO pequena mas que eu fiquei TÃO feliz que só pode ser culpa de morar fora ou de pandemia.

Aqui tem muito mercado brasileiro e português, porque a gente sai do Brasil mas sempre que a gente consegue comprar coisas de casa a gente compra.

Eu estava no Instagram (porque basicamente é o que eu faço há quase um ano o dia todo) e eu sigo uma página que dá dicas de coisas baratas no geral, e como a moça é brasileira ela sempre divulga produtos, empresas e lojas brasileiras. Ela tinha indicado uns meses atrás um mercado que entrega coisas em casa, mas ele fica em Kitchener e ainda não estavam entregando para os lados de cá. Hoje ela divulgou que eles vão começar a entregar em Toronto na semana que vem e, pelo que eu entendi, todas as compras serão concentradas a serem entregues na quarta. Fiquei felizona e fui lá, junto com o Kalil, escolher o que a gente queria. 

Vou abrir um parênteses aqui para explicar uma coisa:

Eu, NICOLE, não entendo essas blogueiras que vão para o exterior e compram coisas de cabelo e de unha e voltam mostrando as coisinhas que "não tem no Brasil, meninas" e achando lindo isso. Eu realmente não entendo, porque PARA MIM não tem nada que supera as máscaras de hidratação de cabelo, leave ins e ampolas de vitamina do Brasil, porque são ÓTIMAS, tem MIL opções e tem muita coisa barata. Os esmaltes eu não vou nem falar, porque enquanto no Brasil a pessoa compra esmalte da Risque e da Colorama por 3 reais, aqui a pessoa compra UM esmalte por 10, 12 dólares, sem contar que a acetona daqui é uma VERGONHA. 

Aí fui ao Brasil agora e o veio na minha mala? Um MONTE de esmalte e um puta potão de creme Skala pro cabelo. E TODO MUNDO que vem me ver SEMPRE traz esmalte pra mim. Minha caixa de esmalte só tem coisa brasileira.

Fechando o parênteses agora e voltando para as compras no mercado.

Eu já sabia que eles estavam vendendo esmalte da Risque porque vi alguém comentando isso no Instagram, aí enquanto o Kalil decidia as comidas que ele queria fui escolher meus esmaltes. Nas lojas Rede em BH, o preço médio é R$2,99 cada um, se não me engano, e aqui ele está $2.99. Bem mais caro mas ainda MUITO mais barato que os $10 que os que vendem aqui. Escolhi os que eu queria e fui ver o que mais tinha.

Até que me deparei com o creme de cabelo Skala. 

GENTE! MEU CORAÇÃO ACELEROU NA HORA!!!!!!! Eu comecei a suar e a ficar nervosa porque o creme que eu trouxe na última viagem está no finzinho mesmo, só dá para mais uma vez e eu já estava pensando como fazer para comprar um para substituir. Já estava me planejando comprar um creme branco qualquer e fazer a mistura de hidratação com amido de milho, então toda vez que eu fosse lavar cabelo eu tinha que ir para a cozinha antes (preguiça reina aqui). Quando eu vi o creme no mercado COM DUAS OPÇÕES DIFERENTES eu pensei que eu ia infartar.

"Está meio exagerada essa reação", você deve estar pensando, e talvez esteja mesmo, por isso estou falando que não sei se essa reação é coisa de imigrante ou pandêmico, porque não faz sentido todo esse alvoroço.

Mas ao mesmo tempo faz sentido demais!!!! Gente, eu fiquei tão empolgada que eu fui pegar meu pote no banheiro pra mostrar o Kalil que já estava nos finalmente e, pasmem, EU COMECEI A CHORAR!!!!!!! Vocês tem noção que eu chorei de escorrer lágrima??? Olha que reação mais exagerada! Eu estou numa felicidade hoje que não tem explicação. 2021 acabou de melhorar real!

São essas pequenas felicidades que transformam o dia ou semana (quiçá mês) de uma pessoa que está apática e sobrevivendo dia após dia. Há tempos que eu não ficava empolgada com alguma coisa, pelo contrário, ultimamente eu fico intercalando entre sentir raiva e não sentir nada. Hoje eu finalmente senti uma coisa boa!

Então é isso, vim compartilhar essa felicidade que se você não é imigrante ou pandêmico (sim, muita gente não está vivendo uma pandemia) talvez não entenda o que eu senti.

Vou mostrar minhas compras aqui para vocês ficarem felizes comigo. Do lado tem o preço de cada coisa. Lembrando que o frete foi gratuito (o que eu fiquei meio chocada porque o frete aqui nunca é de graça), e eu dei uma tip de 5% como agradecimento por me fazer chorar de felicidade (a tip é baixa mesmo, foi só um mini agradecimento, não estou podendo agradecer muito ultimamente).

Um beijo e até a próxima!