quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Weird crazy times

2021, já estamos quase na marca de um ano que estamos vivendo nessa bagunça. 

Detalhe que meu blog, antes de 2020, era sobre reclamação em ser imigrante, e agora é sobre eu reclamando sobre ser pandêmica. Podemos concluir que esse blog nada mais é do que um lugar onde eu venho reclamar das coisas. 


Que seja, o blog é meu e eu falo do que eu quiser. Se você que está lendo acha que eu reclamo só aqui, é porque nunca pegou o bloco de notas do meu telefone nem minha conversa com meus amigos, eu sou um poço de reclamação.

Voltando...

Um ano dessa bagunça que estamos vivendo. Fico pensando quando é que isso vai acabar, porque creio eu que o ser humano tem um prazo, não? Tipo, a gente consegue viver uma crise dessa dimensão por X tempos antes de entrar numa espiral sem volta. 

As pessoas ao meu redor estão sustando, todo mundo agindo de formas que não são normais, em constante ansiedade, tendo ataques de nervos, breakdowns, crises de choro, isolamento de não conversar, fechamento. 

Pra vocês terem ideia, eu tenho falado TANTO de crise de ansiedade, que outro dia estava conversando com alguém no Wapp e eu escrevi CRISE e meu telefone já sugeriu DE ANSIEDADE de cara. Eu fiquei meio em choque. Será que estou passando do limite e meu telefone já sabe que é outra crise que eu vou ter?

Porque aqui em casa é dia sim dia não de ataque de qualquer coisa. É preguiça excessiva sem força pra LEVANTAR DO SOFÁ, é o Kalil se arrastando pro banho e ficando lá embaixo do chuveiro apático sem saber muito bem o que está fazendo, sou eu tendo crise de choro ou de riso sem motivo, é o Kalil desanimado, é os dois se arrastando pela casa como dois doentes e sem propósito de vida.

No Brasil as coisas estão um pouco diferentes daqui, muita gente já voltou a trabalhar na empresa, às vezes saem pra encontrar os amigos, saem para dar uma volta no shopping, qualquer coisa para tentarem não cair na loucura, mas aqui não temos NADA. Lá fora o inverno está castigando. No inverno sol é uma raridade, então sempre que dá um solzinho eu fico andando pela casa tentando achar um lugar pra eu sentar e tomar uma vitamina D, então hoje eu acordei e o sol tava rachando lá fora. Botei uma meia, peguei um casaco de inverno com touca, uma cadeira e sentei lá fora (eu fiz isso outro dia e foi uma delícia), mas hoje eu consegui ficar 10min lá fora porque estava -18o e ninguém normal consegue ficar do lado de fora num frio de congelar os ossos desse jeito por muito tempo.

Antes de ontem, se não me engano, eu desci para olhar a caixinha de correio e fui lá fora por cinco minutos porque tinha nevado muito durante o dia e eu queria ver como estava lá embaixo. Antes disso, a última vez que eu tinha saído para fora da porta do apartamento foi na segunda anterior dia 18 de janeiro. Para ser sincera, acho que o Kalil saiu de casa uma única vez desde que 2021 começou. 

Aqui está tudo fechado. Estamos em lockdown desde novembro e assim que entrou janeiro estramos em estado de emergência, então pessoas que forem pegas aglomerando, fazendo festa ou qualquer coisa que não seja essencial pode ser multada pela polícia. Pessoal está chamando polícia para os vizinhos e ela está realmente aparecendo e dando multa para a galera.

Então, assim, a coisa está pesada por aqui. O inverno já é complicado, todo ano eu já dou uma surtada, mas esse inverno está complicado, viu! Jesus!!! Não esperei nem chegar março, que é quando eu geralmente surto.

E ainda tem os amigos que eu tenho visto que não estão bem, e o pior é que ninguém tem forças para ajudar ninguém mais. Eu vejo exaustão e apatia em todas as conversas, eu vejo todo mundo meio que se diminuindo aos poucos. A minha maior preocupação é se seremos capazes de nos curar dessa apatia e dessa exaustão um dia. Eu tenho medo de a gente ter se modificado após essa merda enorme que estamos vivendo, eu tenho medo de todo mundo ter morrido um pouco.

Eu estou com medo do que o futuro tem para nós, porque se essa pandemia não acabar eu creio que ninguém mais volta ao que era antes.

domingo, 17 de janeiro de 2021

Pequenas felicidades

Eu não sei se isso é coisa de imigrante ou se é coisa de pandêmico, mas aconteceu uma coisa hoje TÃO pequena mas que eu fiquei TÃO feliz que só pode ser culpa de morar fora ou de pandemia.

Aqui tem muito mercado brasileiro e português, porque a gente sai do Brasil mas sempre que a gente consegue comprar coisas de casa a gente compra.

Eu estava no Instagram (porque basicamente é o que eu faço há quase um ano o dia todo) e eu sigo uma página que dá dicas de coisas baratas no geral, e como a moça é brasileira ela sempre divulga produtos, empresas e lojas brasileiras. Ela tinha indicado uns meses atrás um mercado que entrega coisas em casa, mas ele fica em Kitchener e ainda não estavam entregando para os lados de cá. Hoje ela divulgou que eles vão começar a entregar em Toronto na semana que vem e, pelo que eu entendi, todas as compras serão concentradas a serem entregues na quarta. Fiquei felizona e fui lá, junto com o Kalil, escolher o que a gente queria. 

Vou abrir um parênteses aqui para explicar uma coisa:

Eu, NICOLE, não entendo essas blogueiras que vão para o exterior e compram coisas de cabelo e de unha e voltam mostrando as coisinhas que "não tem no Brasil, meninas" e achando lindo isso. Eu realmente não entendo, porque PARA MIM não tem nada que supera as máscaras de hidratação de cabelo, leave ins e ampolas de vitamina do Brasil, porque são ÓTIMAS, tem MIL opções e tem muita coisa barata. Os esmaltes eu não vou nem falar, porque enquanto no Brasil a pessoa compra esmalte da Risque e da Colorama por 3 reais, aqui a pessoa compra UM esmalte por 10, 12 dólares, sem contar que a acetona daqui é uma VERGONHA. 

Aí fui ao Brasil agora e o veio na minha mala? Um MONTE de esmalte e um puta potão de creme Skala pro cabelo. E TODO MUNDO que vem me ver SEMPRE traz esmalte pra mim. Minha caixa de esmalte só tem coisa brasileira.

Fechando o parênteses agora e voltando para as compras no mercado.

Eu já sabia que eles estavam vendendo esmalte da Risque porque vi alguém comentando isso no Instagram, aí enquanto o Kalil decidia as comidas que ele queria fui escolher meus esmaltes. Nas lojas Rede em BH, o preço médio é R$2,99 cada um, se não me engano, e aqui ele está $2.99. Bem mais caro mas ainda MUITO mais barato que os $10 que os que vendem aqui. Escolhi os que eu queria e fui ver o que mais tinha.

Até que me deparei com o creme de cabelo Skala. 

GENTE! MEU CORAÇÃO ACELEROU NA HORA!!!!!!! Eu comecei a suar e a ficar nervosa porque o creme que eu trouxe na última viagem está no finzinho mesmo, só dá para mais uma vez e eu já estava pensando como fazer para comprar um para substituir. Já estava me planejando comprar um creme branco qualquer e fazer a mistura de hidratação com amido de milho, então toda vez que eu fosse lavar cabelo eu tinha que ir para a cozinha antes (preguiça reina aqui). Quando eu vi o creme no mercado COM DUAS OPÇÕES DIFERENTES eu pensei que eu ia infartar.

"Está meio exagerada essa reação", você deve estar pensando, e talvez esteja mesmo, por isso estou falando que não sei se essa reação é coisa de imigrante ou pandêmico, porque não faz sentido todo esse alvoroço.

Mas ao mesmo tempo faz sentido demais!!!! Gente, eu fiquei tão empolgada que eu fui pegar meu pote no banheiro pra mostrar o Kalil que já estava nos finalmente e, pasmem, EU COMECEI A CHORAR!!!!!!! Vocês tem noção que eu chorei de escorrer lágrima??? Olha que reação mais exagerada! Eu estou numa felicidade hoje que não tem explicação. 2021 acabou de melhorar real!

São essas pequenas felicidades que transformam o dia ou semana (quiçá mês) de uma pessoa que está apática e sobrevivendo dia após dia. Há tempos que eu não ficava empolgada com alguma coisa, pelo contrário, ultimamente eu fico intercalando entre sentir raiva e não sentir nada. Hoje eu finalmente senti uma coisa boa!

Então é isso, vim compartilhar essa felicidade que se você não é imigrante ou pandêmico (sim, muita gente não está vivendo uma pandemia) talvez não entenda o que eu senti.

Vou mostrar minhas compras aqui para vocês ficarem felizes comigo. Do lado tem o preço de cada coisa. Lembrando que o frete foi gratuito (o que eu fiquei meio chocada porque o frete aqui nunca é de graça), e eu dei uma tip de 5% como agradecimento por me fazer chorar de felicidade (a tip é baixa mesmo, foi só um mini agradecimento, não estou podendo agradecer muito ultimamente).

Um beijo e até a próxima!