quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Desabafo que começou mal e terminou pior ainda

Ta, vamos lá. Minha nóia do momento, que não é bem do momento, eu tenho essa nóia o tempo todo mas que estou precisando meio que desabafar (e agitar um pouco os posts desse blog que dei uma afastada e tal) é o tal do dinheiro.

MEU DEUS DO CÉU, DINHEIRO NÃO SOBRA NUNCA! 

Quando a gente acha que está num momento legal, que as coisas estão calmas, vem um colchão na promoção que a gente precisa, mas que não queria gastar o dinheiro agora, mas que é uma promoção muito absurda de metade do preço e a gente decide go for it; aí vem a conta de luz e de água que não vinha há dois meses porque assim que a gente muda a conta espera acumular duas de uma vez e a gente sabe que ela está pra chegar mas quando chega a gente tem um leve ataque do coração e paga com as lágrimas escorrendo pela cara. 

Ser adulto é muito chato, pelo amor de Deus.

Tá, não é bem assim. Se me perguntarem se eu quero voltar a ser criança ou adolescente minha resposta é um big fat NÃO sem nem pensar, mas os trinta, com casa, com contas, com independência vem também as responsabilidades que a gente sabe que tem, né, mas que quando se tornam reais são um belo chute no saco.

Se eu pudesse escolher a melhor época da vida eu acho que escolheria o início dos vinte, quando a gente trabalha e ganha o próprio dinheiro, que a liberdade começa a aparecer e que é a melhor coisa do mundo, mas que não tem as responsabilidades de pagar conta, de trocar a merda do colchão, de fazer um supermercado, de comprar um papel higiênico, de tirar poeira dos móveis e de ter uma saúde mental merda que faz a gente ter que se isolar de tempos em tempos para cuidar para que a gente não tenha uma crise de ansiedade.

Vou te falar, ser adulto é bem legal, mas as responsabilidades são enormes. Não que quando eu tinha meus vinte e pouco eu não era extremamente preocupada com pagamento das minhas contas, com juntar meu dinheiro e com a saúde da minha conta bancária, mas é diferente, né! Convenhamos que eu juntava dinheiro para viajar, para comprar meu carro ou um celular novo, eu não juntava dinheiro para comprar um colchão novo ou uma mesa porque quando a gente recebe visita todo mundo se junta ao redor de uma mesa de centro que eu ganhei quando minha loja fechou e que não paguei nem um centavo nela.

Tudo na vida vem com uma encheção de saco, nada vem de graça e são só flores. Tudo tem um lado bom e um lado ruim para contrabalancear, mas quando a gente está num momento meio delicado (e chato, vamos dar o nome certo) de saúde mental, os benefícios não parecem tão vantajosos assim.

Estava conversando com o Kalil ontem do quanto eu me fudi quando viemos para cá. Eu perdi totalmente o controle dos meus sentimentos, dos meus pensamentos e do meu jeito, me perdi de mim um pouco, e isso é algo que me faz muito mal. Vir para cá foi uma realização de sonho muito grande, mas essa realização me tirou o eixo e já tem três anos que eu não consigo voltar ao MEU equilíbrio. Tenho que conversar isso com minha terapeuta (falei que sou essa pessoa agora que fala que vai falar com a terapeuta sobre as coisas, lembra)? Acho que sim, mas tem tanta coisa que eu quero falar com ela, conversar com ela, que uma hora de sessão não é o suficiente. 

Tenho uma lista de coisas que gostaria que ela me ajudasse a entender de mim, porque acho que o problema é esse, sou eu. Eu sou muito difícil de entender e eu me sinto muito frustrada de ter que viver assim, estar dentro dessa caixa que eu vivo e que eu tenho que me sentir bem para poder viver melhor, mas ultimamente tem sido bem complicado de me sentir em casa dentro de mim. Eu não entendo o que eu quero, não entendo o que eu não quero, não entendo meus sonhos, aspirações, medos, anseios... Não entendo mais nada, e o mais difícil de tudo é admitir que a gente (a gente não, eu) não tem que ter controle e resposta e entender tudo. Os passos podem ser menores, não precisa ser sempre uma corrida para entender tudo, a vida não é uma história com roteiro, a vida é essa merda que a gente dorme bem e acorda mal e cansado sem ter feito nada no dia anterior.

Tudo bem que eu comecei esse post para falar da minha preocupação com minha conta bancária e agora já entrei numa espiral meio deprê, mas é como minha cabeça tem funcionado ultimamente. Eu começo pensando em uma coisa e quando vejo já estou com mil questionamentos na minha cabeça, questionamentos que sinceramente eu nem tinha me atinado que eu tinha.

Outro dia tive um ataque de nervoso e fui falando um monte para o pobre do Kalil (não foi em uma briga, foi em uma conversa entre eu e eu mesma enquanto ele ficava só parado olhando para mim porque eu não queria que ele falasse nada, eu queria só falar - isso foi na semana anterior que eu comecei a minha terapia) e eu meio que falava e falava e falava e eu sentia que o mundo estava todo nas minhas costas e que eu ouvia o mundo berrando para mim o tempo todo, era como se eu tivesse o mundo vivendo dentro da minha cabeça e todo mundo estivesse brigando. Eu não consigo sentir calma e paz com frequência mais, eu sinto o mundo desabar e eu não consigo saber para onde olhar e o que salvar, porque eu não consigo, no momento, ver quais são minhas prioridades.

É estranho me sentir assim, menina branca de classe média morando no exterior PORQUE QUIS privilegiada do caralho dando xilique de "mundo está nas suas costas mas você não tem um passarinho para dar água". Eu me sinto mal de me sentir mal, eu sinto o peso nas minhas costas mas olho para o lado e vejo o quanto eu reclamo de barriga cheia e o quanto estou sendo mimizenta e mimada.

"Ai, Nicole, não pense assim, todo mundo tem seus momentos. A dor do outro não invalida a nossa."

Blablabla é fácil falar e eu sei que é isso mesmo, que eu tenho direito e blablabla, mas dentro da minha cabeça eu acho ridículo me sentir assim. Menina de 30 anos com um passado ganhado numa travessa de ouro e reclamando de saúde mental? 

Minha terapia é na segunda mas eu sempre tenho minhas crises fora do dia, aí quando chega na segunda eu estou ótima e tranquila, nada a reclamar. A tempestade passou e o mar acalmou. 

Será que mando meus desabafos para a terapeuta e a gente conversa sobre eles na próxima consulta? Até parece, né.

Minha cabeça não para um segundo, é uma pressão interna para me levantar e fazer o que todo mundo diz que está fazendo que eu me sinto cansada e exausta demais para realmente fazer.

Ai, cansei de falar. Vou ver tv.


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