terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Trabalhando!!!!

Sim!!! Estou trabalhando e muito feliz, graças a Deus! Foi realmente um parto conseguir, mas deu tudo certo.

Antes de sair do Brasil eu tinha para mim que eu não queria trabalhar em restaurante, bares ou lanchonetes. Não queria ter que ficar com o cabelo cheirando a comida e gordura para todo o sempre. Eu queria trabalhar em loja de roupa. Mas ao mesmo tempo, eu também não queria necessariamente atender cliente o dia todo. 

Quando cheguei aqui, tive uma certa oportunidade de tentar alguma coisa de cara em um banco daqui. Porém, minha falta de experiência profissional canadense me atrapalhou e eu parei de tentar apenas esse tipo de trabalho em escritório e passei a tentar coisas em lojas também, até porque estava chegando o final do ano e as oportunidades estavam crescendo (ou pelo menos era o que eu estava pensando).

Comecei a me candidatar para muitas lojas no site de empregos daqui e no Linkedin, mas eu não estava recebendo resposta nenhuma, nenhuma mesmo. Era desesperador, porque eu estava no Canadá há quase três meses e não conseguia nada. 

Uma noite eu perdi a paciência e decidi de uma vez por todas que alguém tinha que me ligar para uma interview nem que fosse para não me contratar, mas alguma ligação eu tinha que receber, NÃO ERA POSSÍVEL.
Me candidatei, sem exagero, para mais de cinquenta vagas em lojas em certos lugares de Toronto. Mandei meu currículo (resume, como eles chamam aqui) para milhões de lojas no centro, no shopping próximo daqui e um shopping que tem uma estação de metrô dentro, o que seria mais fácil para mim, já que eu e o Kalil passamos um perrengue sem tamanho para arrumar esse apartamento que a gente mora aqui no centro. Eu queria de verdade alguma coisa que fosse aqui bem próxima e que eu pudesse ir a pé e voltar a pé, mas na altura do campeonato eu não estava podendo escolher não.

No dia seguinte eu comecei a receber ligações e aquilo me deu uma animação sem tamanho. Tive uma entrevista pessoalmente no mesmo dia seguinte no final da tarde e eu tinha certeza que a pessoa ia me ligar e me oferecer a vaga, mas ela não ligou e até hoje eu não entendi porque, já que a entrevista foi ótima, ela pareceu gostar de mim e eu até fiz uma piada (e ela riu). Mas tudo bem, foi minha primeira entrevista em inglês e eu me saí bem.

Aí recebi mais algumas ligações e fui encaixando todas durante a próxima semana e fazendo um calendário com todos os horários.

Minha primeira oferta veio de uma loja bem legal no shopping longe de casa e que eu podia acessar por metro, mas o horário era overnight, ou seja, ou eu trabalharia na madrugada ou teria que pegar bem cedo, o que sinceramente era mais ou menos o que eu queria mesmo, aí não teria que lidar diretamente com cliente (o problema, e que eu só descobri depois, é que o metrô só começa a funcionar a partir de seis da manhã e a mesma coisa acontece com algumas linhas de onibus, imagina a merda!).
Nesse mesmo dia que eu fiz a entrevista e a moça disse que me enviaria a proposta por email para eu aceitar, eu fiz uma outra entrevista em uma loja aqui perto de casa.
Conversei com a moça e foi bem legal mesmo. Ela também me ofereceu a vaga e disse que me enviaria por email para eu aceitá-la.

Cheguei em casa aquele dia no céu, duas entrevista e duas propostas!! O salário era o mínimo, óbvio, mas o que diferenciava uma da outra é apenas a distância de casa e foi exatamente isso que eu levei em conta. 

No final das contas escolhi a loja que estou trabalhando agora. Eu vou a pé e volto a pé todos os dias. São apenas vinte minutos de caminhada e eu to simplesmente AMANDO!!!

Trabalho numa loja que chama American Eagle Outfitters e é uma marca que eu já conhecia. 
Para falar bem a verdade, todas as vagas a que me candidatei foram para lojas que eu sou realmente consumidora e que me identifico, então nas entrevistas era até bem clichê falar isso, mas era a verdade.

Eu trabalho com estoque e meu trabalho nada mais é do que ajudar a deixar a loja bonita e com os produtos disponíveis.
Já trabalhei overnight apenas uma vez que foi quando refizmos a loja inteira, ou seja, tiramos tudo da loja e colocamos todas as novas coisas. Foi beeeeeeeeeeeeeeeeem cansativo e eu pensei que eu ia adoecer naqueles dois dias, mas foi bem interessante a experiência e já me coloquei a disposíção para as próximas vezes.
Pego serviço às seis da manhã pelo menos uma vez por semana que é quando chegam caixas novas e a gente tem que separar, colocar as tags de segurança e organizar na loja ou voltar para o estoque. É cedo? É cedo, mas eu vou ser sincera e falar que eu adoro. Eu não sou uma morning person, mas estou me descobrindo tão diferente aqui (depois eu falo sobre isso).

Eu recebo por hora, o que é bem inteligente, para dizer a verdade, porque eu me sinto bem mais motivada a trabalhar do que me sentia no Brasil recebendo um salário fixo por mês.
Meu salário é pago a cada duas semanas e eu recebo diretamente na minha conta.

Os shifts (escalas) são lançadas semanalmente num aplicativo que eu acesso pelo meu celular, então lá eu consigo ver quais são meus próximos shifts, o que não quer dizer que eles não possam me chamar em um dia que meu shift não estava lançado. 
Nesse app é possível transferir shift, então se a Ana não quiser/puder trabalhar amanhã e nós duas entrarmos num acordo que eu cubro ela, ela pode me transferir e eu aceito direto no app e vou no lugar dela. 
Esse aplicativo é muito inteligente, prático e interessante, porque lá em consigo acompanhar também as horas de trabalho e pedir dias off.

Posso dizer que esse trabalho não é dos meus sonhos, espero não estar trabalhando lá e fazendo a mesma coisa pelo resto da vida, mas estou muito feliz. Eu tenho crescido muito. Meu inglês está melhorando, eu estou conhecendo pessoas novas, me inserindo em uma cultura diferente e tem sido um aprendizado muito legal.

Minha vaga é para estoque, mas eu sempre ajudo clientes quando estou no floor mexendo em alguma coisa e eu sempre fico ridiculamente feliz quando isso acontece, é uma pequena vitória para mim naquele dia. Inclusive já me ofereci para trabalhar com atendimento se isso significar receber mais horas para trabalhar. 

O pessoal que eu trabalho é ótimo, as gerentes são ótimas, o clima é ótimo. Elas me motivam, me agradecem pelo trabalho que eu sou paga para fazer, me elogiam e isso é a coisa mais besta do mundo mas é isso que faz um gestor ter uma equipe feliz.

Bom, é isso. Espero que o texto tenha feito sentido e que eu não tenha apenas jogado as palavras. 

Depois volto mais, ta?! 

Um beijo!!

ps. como tinha largado o blog esses últimos meses fiquei muito tempo sem escrever. Estou trabalhando desde novembro =D

2 comentários:

  1. A que ótimo que está gostando. Achei esse app de turnos muito legal e eficiente. Tem um monte de profissão aqui no Brasil que deveria usar.

    Uma dúvida que surgiu enquanto eu lia: você acha que, nessa loja que você está por exemplo, eles contratariam um estrangeiro que fala quase nada de inglês, tipo eu?

    P.S.: Continue escrevendo porque, mesmo sendo sua amiga e conversando diariamente, ler seus post's aqui é diferente. Tem coisas que a gente não pergunta ou você não conta no dia a dia.

    Bjos!

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  2. Eu começo a escrever de novo e paro, difícil demais, ne?! Mas respondendo sua pergunta, e o que é realmente curioso, é que nesse dia eu fiz as duas entrevistas mais honestas de todas que eu já fiz na vida e, por incrível que pareça, são as que me fizeram a oferta.
    Eu abri o jogo e falei que nunca tinha trabalhado no Canadá e que, como eu tinha acabado de chegar, meu inglês não era bom, que eu queria melhorar ele, mas que ele ainda estava muito cru, um dos motivos que eu quis trabalhar no estoque e não com atendimento, e mesmo assim a moça me contratou.
    Vale lembrar que era final do ano, início da temporada de contratação para Holidays, então provavelmente isso estava a meu favor.
    Meu inglês podia não ser ótimo, mas meu entendimento era bom e a moça viu isso na entrevista, então uma pessoa que tem o inglês BEEEEMMMMM ruim eu não sei se contratariam, mas uma noção boa, que eu acho que você tem, acho que não teria problema mesmo.

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